paradoxo 1
Grandes temas,
grandes personagens,
não cabem em poucas linhas
e somos telegrafistas
com ambições,
de passagem,
e sem lemas.
Grandes temas,
grandes personagens,
não cabem em poucas linhas
e somos telegrafistas
com ambições,
de passagem,
e sem lemas.
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um caminhão de mudanças
que tinha um nome engraçado,
por conta das circunstâncias,
parava a rua, quebrado.
não pegava muito bem
para a mudanças destino
prestadora de serviços
aquele engarrafamento.
e, no meio da zorra toda,
pressa e buzinas à toa,
a briga no fiat 100:
- é o destino, meu bem...
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Deixa que minha mão errante adentre
Em cima, em baixo, entre
Minha América, minha terra à vista
Reino de paz se um homem só a conquista
Minha mina preciosa, meu império
Feliz de quem penetre o teu mistério
Liberto-me ficando teu escravo
Onde cai minha mão, meu selo gravo
Nudez total: todo prazer provém do corpo
(Como a alma sem corpo) sem vestes
Como encadernação vistosa
Feita para iletrados, a mulher se enfeita
Mas ela é um livro místico e somente
A alguns a que tal graça se consente
É dado lê-la
Caetano Veloso
"Falo tanto que não me ouço"
Mais uma linha escrita
e nada mais.
"Apenas sou em relação aos outros"
Uma definição vazia
que não satisfaz?
"Falando e repetindo não sofro"
Uma pouco original mentira
em nome de alguma paz.
"Sorrio para provar que não sou um monstro"
Minha furtiva verborragia
não agrada mais.
"Tentar ser agradável é coisa de peso morto"
Se nisso há alguma coisa positiva,
não a conheço e tanto faz.
Não sei digerir elogios
e nem aceitá-los.
São raros, sei bem disso,
e um sincero é ainda mais.
Procuro o que está acontecendo
nas perguntas que faço aos outros.
E, enquanto isso, vou vivendo,
vomitando minhas tensões
com a fraqueza tuberculosa dos roucos.
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Vou gastar um soneto com você,
queimar um pouco dessa munição
que carregamos onde não se vê,
lhe conquistar com balas de canhão.
Depois vou prometer coisas em vão,
coisas que não posso prometer,
fingindo que sei como elas serão
pra ver se assim impressiono você.
Pois, pra mim, tudo parece tão pouco
perto daquilo que quero que seja.
Você tão longe, e vivemos tão pouco...
E, escrevendo, sinto a incerteza
de saber que um poema muda pouco
as coisas, que são muito mais tensas.
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é preciso se desconhecer às vezes
esquecer seu próprio nome
se levar menos a sério
e deixar a história acontecer
senão...
não precisa um senão
porque senões trazem culpas e medos
são ameaças necessárias,
mas só às vezes,
porque senão...
se entregar um pouco em cada olhar
se render ao risco, à decepção e ao frio
e procurar calor no olhar dos outros
esquecer de estar sozinho e ser com todos
aquele todo que se pode ser
às vezes
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Não quero nada!
Me deixem ser nada
E sofram por mim
até que sintam raiva e ódio de tudo que fiz
e aí, talvez, se tiver alguém comigo,
serei feliz.
E vocês serão menos do que são
e serão apenas nada,
assim como eu serei,
e o alguém também,
no momento que sair dessa sala.
Sorria,
que é sorrindo que se encara
o que de grande acontece
nessa vida!
E vocês?
Que fiquem com o que quiserem ficar!
ps. Quando receber essa mensagem, retorne, por favor.
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