19/12/2007

O portão do burgo fechado [...]

O portão do burgo fechado
(a lua que cruza os muros
com sua chama de isqueiro gasto)
me faz querer desistir de tudo.
Os outros me abandonaram.
O silêncio nunca é puro,
mas, sim, uma tentativa de nada.

Árvores dobram seus ossos frágeis
e flores tristes morrem...
O portão me desafia e cala.
Impotente, aceito minha sorte
sozinho, encarando a muralha:
na solidão que acompanha quem sofre,
a dor de quem abandona a batalha...

Como culpar os medrosos,
ou os conformados,
os que não se importam?

Uma pedra do muro gargalha
sobre os ombros dos que sobram,
corajosos, mas derrotados.

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