01/04/2007

Porão

Agora, aqui entre nós,
Uma unha a menos,
Um gemido, não diz nada…
Só faz perguntar onde dói o silêncio,
Se é na minha ou na sua cara…
Quantos cortes sangram
Lágrimas dos meus olhos?
Acho que não sei o seu nome, amigo,
Se bem que vocês são todos iguais, não é?
Atrás dessa sua obediência cega
Se deita o dragão da estupidez
Que o faz esquecer as boas maneiras
Da sua nobre vida paralela…

Calma, não tenho sede,
Para que todo esse barril de bebida?
Pegue um copo lá em cima e tome um gole comigo
E largue meus cabelos molhados, amigo…
Suas mãos são fortes demais para um cumprimento,
Mas cumprem o que acham que devem com vigor…
Você deve ser alguém muito sério lá fora…
Se um dia nos encontrarmos, prometo que não guardo rancor…
Já disse, meu nome está no meu cartão de visitas
Você pode encontrar meus outros amigos na lista
Não lembro o endereço de ninguém
E nunca pratiquei qualquer atividade ilícita…
Sei que nunca fingi ou menti também… E você?

O chão não está mais frio
E meus músculos não me obedecem mais
O ar está fugindo de mim, arisco…
Antes do choque me deixe dar um suspiro
E serei para sempre grato a você, amigo…
Meu punho está fechado como sempre
Meu braço esticado lembra um gesto antigo
Será que é impressão minha esse cheiro,
O medo que sente o injusto, ou é só o futuro que chega?
Queria ser capaz de ver seu rosto,
Mas as brasas nos olhos não ajudam muito…
Quem sabe num segundo tempo a gente não se veja?

Enquanto isso, me deixe descansar…
Só um pouco…

0 comentários: