22/04/2007

Resumo egoísta de um fim de semana

Alguém me diga a verdade: será que sou ingrato? Tenho vontade de me tornar lenha e arder, queimar e aquecer sem a menor pena. Ser livre para sofrer como qualquer rato agonizando num bueiro da cidade. Sei que meu rosto é feio e que meu corpo não é nada melhor. Caráter importa para alguma coisa que preste? Ou qualquer sorriso descolado e irônico serve? Ainda não decidi o quê me torna pior: se são minhas culpas ou querer tentar ser perfeito. Minha pele descama em cicatrizes e sei sentir dor sem gemer: tenho orgulho de não dar aos outros essa satisfação. Sou ridículo e patético em meus esforços vãos para, sendo invisível, me proteger. Um erro em meio a uma ciranda de repetições felizes. Cadê o tal do futuro? Só sei viver minhas personagens no presente, pois mesmo as do meu passado só existem agora. Escrevo para transformar raiva em memória, mas só consigo traços de traumas em minha mente. Permaneço sem mãos, sangrando, socando os tijolos de um muro na minha Berlim.

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