23/04/2007

O incêndio de sábado

O incêndio começou
A fumaça sobe
Carregando tudo
O tempo que não passou
A fumaça engole
As voltas do mundo
E mais quem não escapou
As pessoas fogem,
Correm, perdem tudo
Recolhem o que restou

Do que era suas vidas
Esperanças tortas
Lavando as ruas
Noites sempre mal dormidas
Sombras quase mortas
De máquinas sujas
Lambem chamas quase vivas
Frustrações dão voltas
Nos gritos das lutas
Nessas revoltas sofridas

Hoje crepitam as chamas
A lenha do medo
Vitória do forte
Queimam os velhos romances
Heróis ao relento
Temem sua sorte
A guerra não tão distante
Prepara seu vento
De fogo, de morte
Nas mentiras dos palanques

- Fora! Fora!
- Pare! Parem!
- Tá na hora…
- Se preparem…
- Gotas d’água fazem chuva…
- Doze armas, ditadura…
- Seu banquete acabou
a TV se apagou
nosso tempo voltou
e nunca vai passar
- Segue a normalidade
o bem da sociedade
vão, tropas da verdade,
para o povo acalmar!

É mais um domingo
Pé de cachimbo
Cachimbo é de barro
Cai no buraco
Não caia comigo
Lutas seguem, amigo,
E o buraco é fundo…
Acabou-se o mundo!

A correria imita
Um sonho novo
E, à luz do fogo,
O incêndio começa.

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