Ring of Fire
Essa música foi composta por June Carter e eternizada por Johnny Cash.
Uma obra prima de simplicidade.
Abaixo, o próprio Johnny Cash interpretando. Genial.
as pessoas passam
(e lavam a um real por peça)
e as possibilidades que encerram
quem as passa a limpo?
e quando?
enquanto
não somos,
viramos fumo?
o mar é o abismo
e a vontade é o muro
as pessoas cruzam o mar
quando navegar é preciso
enganam-se em relação a tudo
e arrancam os dentes do siso
E as pessoas que passam
nunca sentiram, parece,
na pele, de verdade, isso
o mar.
o passado é impossível
feito de pessoas que passaram
(e talvez lavaram por um real a peça)
pelas linhas de um poema impreciso
como navegar pelo mar?
quem conhece estrelas
capazes de qualquer certeza
sobre aquelas possibilidades?
sem qualquer juízo,
erram pelos abismos
procurando não passar
Resta às pessoas um muro
chamado futuro
que separa e encerra
as metades do mar
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Em uma noite sem remédios,
Sonho farmácias e padarias cheias
Distribuindo os lucros dos executivos que pulam dos prédios
Pensando em solidão...
Neons em tons variados de cinza
Cobrem a fachada de seu rosto
Que insiste em fingir ser um porta-retrato
Pensando em solidão...
Falo para ouvidos de madeira e rezo por cupins
Para encher com alguma vida essas estátuas
Como um louco quadrado insatisfeito
Assisto as reprises dos filmes que queria ter feito
Pensando em solidão...
A madrugada não foi feita para dormir
Mas para ser fumada, tragada e consumida
Pensando em solidão...
Conto os tijolos dos meus queridos muros
E, como um velho, reclamo e lamento cada um deles
Pensando em solidão...
Pronto! Gastei um pouco da caneta no meu remédio
Pensando em solidão...
E, só, pensando em solidão,
durmo.
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Tendo em vista os fatos,
Podemos dizer que:
Por te perder,
Não tive você,
Não fui com você,
Fomos estranhos em uma fila.
Por hesitar,
Ficamos sem assunto
Em um silêncio do tamanho do mundo,
Silêncio estranho também de fila.
Por querer tanto,
Mas ser prudente
Tendo pressa sendo paciente,
Alguém estranho cortou a fila.
Por falta de alternativa
E fraqueza do cotidiano,
Nós dois erramos
E tudo que não fomos
Foi uma fila de banco.
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Para julho,
agosto é uma
promessa.
Para agosto,
julho é uma
notícia velha
que passou
e matou
as flores do seu jardim.
Para julho,
agosto é tudo
o que restou.
Para agosto,
julho é um
antigo amor
que se foi
para longe
mas que um dia vai voltar,
mas só bem depois de setembro...
Para julho,
agosto é sua
evolução,
por mais
que o mês de agosto
goste ou não...
Todos o chamam
de seca ou
de inverno...
E só em setembro chove
e começa a primavera.
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Preciso chamar sua atenção...
Ei! Olha pra mim, olha vai...
Só um pouquinho, assim...
Agora pode cair fora, sai!
Não preciso da dó de ninguém por aqui.
Pronto, será? Funcionou?
Acho que foi!
Ouve, migalha só enche barriga se for muita
e, se for tanta, melhor dar logo um pão.
A fome é uma coisa simples;
encontrar quem a mate, não.
Apareceu você e então?
Pode ser ou tá difícil?
Ah! Me responde o que for,
menos um "tem, mas hoje não"!
Olha que momento incrível:
a lua cheia, a noite fria...
Vem que, pra esquentar,
a gente brinca...
Guarde sua dó para os indefesos,
que ainda tenho meus olhos,
minha fome e seu cheiro
pra me proteger.
Moça, a verdade é que
não tenho nada bonito meu
para dizer ou oferecer,
mas podemos,
juntos,
dividir você.
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É o momento antes
É o cheiro do risco
É o que nos torna distantes
É o que precede o riso
É a mentira sem criatividade
É o clichê do omisso
É a madrugada na cidade
É parte do raciocínio
É a tortura do ansioso
É um argumento preciso
É o pênalti no jogo
É a máscara do cínico
É a cartada mais alta
É a ameaça do amigo
É quando aquilo falta
É a promessa do inimigo
É um complicado problema
É a beleza do mímico
E é o fim do poema
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Cheiro de sono,
promessa de fuga,
balanço do dia:
tristeza, alegria.
Descanso da luta,
afogado em sonho,
vem desfazer os nós
que juntei no peito.
Suspiros por hoje,
coisas a pensar sobre,
momento perfeito
para se sentir só.
(ou não)
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Produzir
muitas coisas rápidas
preguiçosas,
quase belas.
Nunca escrever as novelas
densas,
necessárias
ao porvir.
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