08/09/2007

carta para Mi e Dani

quatro para meio-dia

Um dia eu estava andando em um deserto, daqueles tipo Saara, sozinho, e senti que ia morrer de sede...

Entrei em desespero em busca de água, procurei por dois anos seguidos e então achei um lago no meu bolso. Pus ele no chão e ele criou uma superfície extensa e calma como um espelho, onde eu via o céu. Adorei o lago (no sentido de idolatrar) e quis beber de sua água. Fui sem receio, mas, prestes a tocar no lago, me perguntei se devia acabar com a calma e com a imagem do céu no lago. Passei mais dois anos pensando. Então uma borboleta saiu de meu dedo indicador que apontava para o céu e voou até ele. Fiquei olhando. Quando ela pousou no céu nele criaram-se ondas, como se alguém tivesse jogado uma pedra num lago.

Mas o lago continuou imóvel. Então eu percebi que estava com sede de novo (de novo não, ainda...) e bebi da água do lago. Assim que bebi, o lago aumentou em tamanho e, com uma onda, me engoliu. Comecei a me afogar e a amaldiçoar a minha sede Já tinha afundado muito no lago quando olhei para cima e vi o céu... A água fria me embebia, mas eu não me afogava, na verdade. Comecei a perder os sentidos... Fechei os olhos.

Quando abri meus olhos de novo, vi o céu, mas eu estava deitado no quintal de casa. Estranho. Sentia-me como que afogado, me embebia de ar. Lembrei: naquela vida, eu estava apaixonado, mas sentia tristeza. Nessa hora uma borboleta saiu de uma flor e pousou no céu, mas ele não tremeu.

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